
Por Bruno Bezerra
Um dos principais desafios da atualidade é a curadoria de dados confiáveis e sua transformação em informações relevantes e conhecimento estratégico, capazes de gerar clareza na interpretação de contextos e cenários. Esse processo é ainda mais crucial em um ecossistema de negócios robusto, como o Polo de Confecções do Agreste Pernambucano.
A arrecadação de ICMS e IPVA, além de ser uma das principais bases do financiamento das políticas públicas do Estado, é também um valioso termômetro da atividade econômica, em suas muitas possibilidades. O comportamento da arrecadação ao longo dos anos permite não apenas avaliar o desempenho fiscal de municípios e regiões, mas também compreender melhor as dinâmicas produtivas, as transformações no ambiente de negócios e os padrões de integração econômica.
Ao analisar esse indicador com olhar atento, é possível identificar movimentos que ajudam a explicar realidades locais e validar contextos socioeconômicos expressivos, como ocorre, por exemplo, entre os municípios de Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, duas das principais cidades do Polo de Confecções de Pernambuco.

A evolução da arrecadação de ICMS e IPVA nos últimos dez anos (2015–2024), em Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, revela um caso evidente de sincronia econômica regional. As duas cidades compartilham não apenas a localização geográfica e o ambiente de negócios voltado ao setor têxtil, mas também uma trajetória comum de crescimento, desafios e oportunidades.
Os gráficos desse período mostram linhas de arrecadação que se movem com impressionante semelhança, espelhando variações anuais em sintonia. Isso não é mero acaso: é resultado de uma resposta praticamente simultânea a fatores estruturais, como a expansão do setor têxtil e de confecções, a modernização do maquinário, a profissionalização da gestão empresarial e o avanço da transformação digital.
Essa sincronia é, sobretudo, reflexo da integração econômica entre os dois municípios, cujas estruturas operam de forma bem definida, especialmente na segmentação de mercado e no que se refere aos dias e horários das feiras locais. A dinâmica de funcionamento faz com que as duas feiras se complementem, fortalecendo-se mutuamente, numa lógica de união de esforços que mostra que um mais um é sempre mais do que dois. O que impacta uma cidade, em geral, repercute na outra; e, quando uma avança, é muito provável que a outra acompanhe esse movimento.
Com base nesses dados oficiais, que venho utilizando para ampliar a compreensão sobre o nosso verdadeiro desempenho socioeconômico, esta análise reforça a importância de tratar o desenvolvimento regional de maneira articulada, com a atividade empreendedora funcionando como um grande motor e as cidades atuando como engrenagens interdependentes e bem ajustadas, para que não se desperdicem esforços.
A todo instante, é fundamental respeitar as particularidades de cada município, mas também é essencial reconhecer as forças que unem Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, como partes que se complementam na permanente construção de um poderoso ambiente de negócios.
Bruno Bezerra é administrador de empresas e atual presidente da CDL Santa Cruz do Capibaribe–PE