O Papa Francisco aprovou, nesta segunda-feira (31), o decreto que reconhece o Padre José Antônio Maria Ibiapina como venerável, etapa fundamental no processo de beatificação do sacerdote cearense, cuja trajetória foi marcada por ações de caridade no Nordeste brasileiro.
Em 1860, Padre Ibiapina fundou sua primeira Casa de Caridade em Gravatá do Ibiapina, distrito de Taquaritinga do Norte (PE). A iniciativa, voltada ao acolhimento, educação e assistência de moças órfãs e carentes, deu origem a uma rede de 22 instituições espalhadas por Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
Natural de Sobral (CE), onde nasceu em 5 de agosto de 1806, ele teve uma trajetória singular antes de se dedicar integralmente à vida religiosa. Formado em Direito, exerceu cargos como juiz, delegado e deputado, chegando a presidir a Comissão de Justiça Criminal no Parlamento Nacional em 1834. No entanto, desiludido com o sistema judiciário, renunciou à carreira pública e, em 1850, retomou sua vocação sacerdotal. Foi ordenado em 1853 e passou a se dedicar aos mais pobres, tornando-se conhecido como “peregrino da caridade” durante a epidemia de cólera que assolou o Nordeste.
Além da Casa de Caridade em Gravatá do Ibiapina, ele incentivou a construção de uma capela, um açude e um cemitério, obras que permanecem como símbolos de sua dedicação ao bem-estar da comunidade. Sua missão foi interrompida em 1875, quando sofreu uma paralisia. Ele faleceu em 19 de fevereiro de 1883, aos 76 anos.
O título de venerável, concedido pelo Vaticano, reconhece as virtudes heroicas de Padre Ibiapina e abre caminho para a beatificação, que depende da comprovação de um milagre atribuído à sua intercessão. A decisão foi celebrada com devoção no Nordeste, onde seu legado permanece vivo há mais de um século.
