Febre do Oropouche aumenta de 13 para 72 casos em Pernambuco

A Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco confirmou novos 59 casos de Febre do Oropouche no estado, concentrados no Grande Recife e na Zona da Mata do Estado. Os dados saíram de dois casos em maio, para 13 no início de julho, e agora chegaram a 72.

O governo ampliou o número de exames realizados em pessoas com sintomas e que tiveram resultado negativo para as outras arboviroses: Dengue, Zika e Chikungunya. O aumento dos casos acendeu um sinal de alerta para a necessidade de orientar a população sobre formas de prevenção, principalmente mulheres grávidas, crianças e pessoas idosas.

As cidades que registraram casos da Febre são: Água Preta, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Catende, Itamaracá, Jaboatão dos Guararapes, Jaqueira, Maraial, Moreno, Palmares, Pombos, Rio Formoso, Timbaúba e Xexéu.

“A Oropouche é uma arbovirose, o que significa que é transmitida por insetos. Mas, nesse caso, é o maruim – como primeiro transmissor, e a muriçoca como transmissor secundário. A questão é que o maruim vive em água limpa, no mangue, nas plantas, em lugares úmidos, em restos de materiais orgânicos. Então não é possível usar inseticida contra ele porque afetaria outras espécies e poluiria o meio ambiente”, explicou Eduardo Bezerra, diretor-geral da Vigilância Ambiental, em entrevista ao g1.

Bezerra lembrou que, enquanto o mosquito Aedes aegypti tem entre 6 e 7 milímetros, o maruim tem apenas 1 milímetro e é quase imperceptível visualmente para os seres humanos. “É comum que esses insetos estejam em materiais orgânicos, no mangue, locais úmidos, alagados. Não temos produtos efetivos para combater esse mosquito. Podemos trabalhar com o comportamento da população. Informar a importância de usar repelente, roupas mais longas, não acumular lixo em casa. E para as prefeituras, que intensifiquem o recolhimento do lixo, para que não fique muito tempo ao ar livre”, complementou.

No caso de crianças, idosos e gestantes, o diretor-geral da Vigilância Ambiental chamou atenção para cuidados mais intensivos e lembrou que o tipo de repelente também precisa ser especial, menos tóxico.

Investigação de casos

A identificação da Febre do Oropuche num feto morto em Pernambuco, anunciada no início de julho pela Secretaria Estadual de Saúde, e a nota técnica emitida pelo Ministério da Saúde, na qual relatou a presença do vírus em quatro crianças que nasceram com microcefalia (sem detalhar os locais dessas ocorrências), chamaram ainda mais a atenção das autoridades para a necessidade de ações de prevenção da doença, especialmente nas mulheres grávidas.

De acordo com a diretora do Laboratório Central de Pernambuco (Lacen-PE), Keilla Paz, a ocorrência do vírus identificado no feto ainda está passando por mais análises laboratoriais, mas já existem pesquisas que identificaram o Oropouche em tecido da placenta e por isso as gestantes devem ter mais atenção.

“[As gestantes que testaram positivo para a Febre do Oropouche] estão sendo acompanhadas, com os sintomas monitorados, e os casos [registrados] estão em investigação laboratorial. É importante destacar que os sintomas são parecidos com os de outras arboviroses: dor no corpo, febre e outros sintomas associados”, explicou Keilla Paz.

Ao apresentar os sintomas, a pessoa deve procurar uma unidade de saúde mais próxima para fazer o exame de sangue no tempo certo, de até cinco dias, para identificar qual é o vírus que está provocando a doença.

Eduardo Bezerra, da Vigilância Ambiental, explicou que não é possível associar a Febre do Oropouche a casos de má formação congênita em fetos e crianças.

“Pernambuco foi o epicentro da Síndrome da Zika na época de maior proliferação do vírus e também o pioneiro nas pesquisas sobre o assunto. É bom que a gente deixe delimitado que não é possível afirmar que existe associação entre a microcefalia e a Febre do Oropouche. Mas é preciso reconhecer que existe um indicativo para orientar e desencadear ações de prevenção ao vírus e por isso a gente conta com a colaboração da população”, explicou Eduardo Bezerra.

Com informações do g1

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