Preocupados com os impactos das plataformas online de apostas, as chamadas “bets, integrantes do governo conversaram sobre o assunto com o presidente Lula, que mencionou “o grau de dependência” dos apostadores.
“Tem muita gente se endividando, tem muita gente gastando o que não tem, e nós achamos que isso tem que ser tratado como uma questão de dependência, ou seja, as pessoas são dependentes, as pessoas estão viciadas”, disse o presidente.
Após o encontro, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, defendeu que o assunto seja combatido assim como foi o tabaco. Inclusive com alerta de que “as bets fazem mal à saúde”. Segundo ela, o assunto passa a ser priorizado nos serviços do SUS, sobretudo no atendimento primário às famílias.
“Reforçaremos junto à atenção primária, algo que nós já temos feito, uma atenção especial para esse problema de saúde, de dependência em relação aos jogos, e isso através do fortalecimento dessa pauta nas equipes de saúde da família”, destacou a secretária de Sáude.
Suspensão
Depois que o governo atualizou a lista das apostas online autorizadas, a partir da semana que vem, os sites irregulares começam a ser derrubados, aqui no Brasil. O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, que também participou do encontro, destacou que cerca de 2 mil plataformas ficarão proibidas na próxima semana.
O secretário ainda lembrou que os cartões de crédito já estão proibidos para o pagamento das apostas. O ministro de Desenvolvimento Social, Wellington Dias, chamou atenção para o risco de “estigmatizar” as famílias usuárias do Bolsa Família e se disse contrário a medidas discriminatórias.
“52 milhões de brasileiros jogam. Estamos falando de cerca de metade da população adulta, a população adulta do Bolsa Família, nós estamos falando de aproximadamente 17% deste público, portanto, não é razoável que a gente entre nessa de querer demonizar o público do Bolsa Família. Estamos tratando de um problema grave no Brasil inteiro”, frisou.
Também se reuniu com o presidente Lula, o ministro da Justiça Ricardo Lewandowski. Segundo ele, a Polícia Federal está atuando no combate a crimes ligados às bets. Entre eles, a lavagem de dinheiro.
TCU vai acompanhar impacto do mercado de bets no país
O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu na quarta-feira (02) que vai acompanhar as ações propostas pelo governo federal relacionadas ao mercado de bets, ou apostas de cota fixa de eventos esportivos. Cabe ao Ministério da Fazenda a regulação do setor, e a fiscalização ficará a cargo do TCU, como destacou o presidente do tribunal, ministro Bruno Dantas, durante sessão plenária que aprovou a medida.
Impactos
De acordo com relatório da XP Investimentos, o setor deve movimentar, em 2024, entre R$ 90 e 130 bilhões de reais. Esse mesmo levantamento, citado pelo TCU, aponta que, desde 2018, a participação das apostas online no orçamento familiar triplicou, e os impactos foram cinco vezes maiores nas classes D/E.
Outro estudo, dessa vez do Itaú, realizado em agosto, estima que os brasileiros gastaram mais de R$ 68 bilhões em apostas nos doze meses anteriores. No balanço, os apostadores perderam quase R$ 24 bilhões.
Além disso, o TCU destaca relatório do Banco Central que indicou que, somente em agosto, 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em bets via Pix.
De acordo com o ministro Bruno Dantas, o TCU pode requisitar dados ao Banco Central, Receita Federal e CadÚnico, por exemplo. E, com isso, cruzar informações para avaliar o impacto das apostas também na saúde dos brasileiros e nos serviços do SUS.
Fonte: Agência Brasil