Histórico: Até 2020 os grupos tradicionais de Santa Cruz do Capibaribe desdenharam das Terceiras Vias que disputavam as eleições. Para ser justo com a história, a única Terceira Via que provavelmente havia causado alteração no resultado de uma eleição na cidade foi a de 1982, pois os 294 votos conquistados por Pedro Filho do MDB, foram acima da diferença dos 186 votos que Augustinho Rufino teve de frente para o seu principal adversário, Severino Monteiro, eleição que ainda teve 100 votos brancos e 702 nulos.
Sem ameaças: Contudo, os 294 votos conquistados pela histórica Terceira Via de 1982, era muito distante para os bem mais de 4 mil votos que cada um dos grupos tradicionais conquistou na referida eleição, ou seja, não assustava o tradicionalismo que a cada década, desde as eleições de 1955, se enraizava na cidade. Terceiras vias continuaram ocorrendo por algumas eleições em Santa Cruz do Capibaribe, após a de 1982, mas nenhuma que deixassem margem para interpretação de que interferiu no resultado das eleições e muito menos que fosse uma ameaça para os planos de manutenção dos grupos tradicionais no poder.
2020: Desdenhada por muitos, principalmente pelos grupos tradicionais que não enxergava uma ameaça no projeto do “Grupo Verde” ou “Carneirinhos”, liderados pelo empresário e candidato a prefeito Allan Carneiro, o projeto político da “Terceira Via” de 2020 escreveu uma nova história na política de Santa Cruz do Capibaribe, modificando completamente o tabuleiro político da cidade. Com 16.082 votos, o grupo ficou em segundo lugar, perdendo por apenas 313 votos para o grupo Taboquinha, mas superando o grupo Boca Preta, que estava no poder há oito anos, com 1.242 votos de frente.
Conquistas e erros: Após as eleições de 2020, o grupo verde teve conquistas e erros. Venceu a presidência da Câmara para o biênio de 2021-2022 e 2023-2024, esta última errando muito na condução do processo, perdendo vereadores e deixando sequelas que podem ter contribuído para o momento atual do grupo. Outro erro foi não ter preservado, em 2022, o nome de seu principal líder político, Allan Carneiro, onde a votação de deputado estadual dentro da cidade lhe rendeu mais um segundo lugar, contudo, diferente de 2020, com uma simbologia de uma grande derrota.
A carta: Após os erros citados acima, Allan Carneiro fez a famosa carta aberta, deixando claro que não disputaria mais eleições. A carta até então não tinha sido levada a sério por muita gente, inclusive por vários membros do próprio grupo Verde que esperavam e esperam Allan desistir da ideia a qualquer momento. Contudo, em uma das primeiras reuniões da cúpula verde deste ano, Allan apontou mais uma vez que pretende manter inalterado o que escreveu. Um dos principais problemas é que pouco foi trabalhado uma alternativa de substituição, os nomes que poderiam ser “alternativas” declinam da ideia e os que têm coragem não tem o apoio dos membros do grupo.
Identidade: Como já relatamos acima, o grupo Verde surgiu em 2020 com o respaldo nas urnas de que existe um grande público no município para além do tradicionalismo, mas seus erros e sua má condução de 2022 até a última semana, faz com que o grupo possa estar caminhando para perda de sua essência. Independente de junção ou não, dependendo de suas decisões e composições nos próximos dias, o grupo Carneirinho poderá se transformar em mais uma “terceira via” que já existiu na cidade, se transformando, assim como a de 1982, em lembranças de trabalhos acadêmicos ou relatos em livros de história, e o velho tabuleiro político voltará a ser jogado novamente pelo tradicionalismo com “alguns perus” querendo dar pitaco, mas sem ameaçar o jogo de qualquer uma das velhas cores que chegue ao poder.
Fica ligado: Às 17h de hoje, 22/01, tem mais uma edição de nossas Curtinhas em áudio, trazendo nosso ponto de vista dos últimos acontecimentos da política de nossa região e hoje é sobre Taquaritinga do Norte.
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