Prefeito e vice de Vertentes são acusados de receber, aproximadamente, R$ 700 mil em propina de hospital

Políticos rebatem com outra série de acusações contra diretora de unidade médica, envolvendo até possível morte por negligência

Prefeito e vice de Vertentes, Romero Leal e Dr. Helder. Imagens: Redes Sociais.

Romero Leal e Dr. Helder Corrêa, prefeito e vice do município de Vertentes, filiados ao PSDB, estão sendo fortemente acusados de recebimento de propina. As acusações são da Dra. Maria Niedja de Santana, diretora do Hospital Memorial Dr. Jaime Justiniano Santana, localizado em Vertentes.

O Hospital Memorial Dr. Jaime Justino é uma unidade particular e mantinha convênio com a prefeitura, através do Sistema Único de Saúde (SUS), até o início de janeiro deste ano.

Maria Niedja, diretora do Hospital Memorial Dr. Jaime Justiniano Santana.

O vínculo terminou recentemente, segundo a prefeitura, em virtude de irregularidades da própria unidade. Segundo a prefeitura existe diversas pendências previdenciárias com funcionários.

De acordo com a diretora, a cobrança de propina teve início em 2016, quando a unidade de saúde recebeu um acréscimo na receita federal e o prefeito, segundo ela, não queria repassar o valor integral que chegava, realizando extorsões.

Ainda de acordo com a Dra. Maria Niedja de Santana, a cobrança desses valores foi feita diretamente pelo vice-prefeito, Helder Correa. Inicialmente, os valores eram de R$ 5 mil para cada um deles, depois passou para R$ 7.500,00 e alguns meses depois para R$ 12.500,00.

A diretora ainda afirma que o prefeito Romero Leal insistiu que queria receber mais que o vice, passando para R$ 17.500,00.

“Bandido roubando bandido”, disse Maria Niedja, garantindo que o prefeito pediu sigilo, para que nada fosse comentado com o aliado vice-prefeito.  

As informações são ratificadas por Bruno Rushansky, filho de Maria Niedja, responsável por executar os pagamentos. De acordo com ele, a propina pode ter chegado a R$ 700 mil durante esses últimos anos, entre os valores, contabiliza R$ 200 mil de uma emenda do ex-deputado Mendonça Filho (DEM)

A mulher divulgou alguns áudios de conversas com o vice-prefeito e com o gestor municipal, onde comenta sobre os valores. Em uma das gravações, Romero Leal fala sobre o não uso de celular na sala, durante a conversa.

“Tô muito constrangida. A gente faz isso, por que quando a gente luta para sobreviver não tem muita opção, precisava para não fechar o hospital”, diz ela, acrescentando depois que teria aceitado pagar os valores para que o hospital permanecesse aberto, atendendo à população.

Vídeo mostra momento em que Bruno entrega valores a Dr. Helder. O médico afirma se tratar de pagamentos de serviços como médico.

Um vídeo, onde supostamente valores são recebidos pelo vice-prefeito, também foi divulgado pela diretora. Nas imagens, um pacote é entregue e logo em seguida colocado dentro de um envelope amarelo. Não é dito quando foi a gravação e a diretora afirma que seria o pagamento do mês, referente ao vice-prefeito.

Dr. Helder afirma que dinheiro era dos seus honorários médicos e afirma que Dra. Maria Niedja tentou extorquir os gestores

Em vídeo divulgado pouco tempo depois, prefeito e vice falaram sobre a denúncia, afirmando que eles quem sofreram extorsões de Maria Niedja, durante esse tempo. O vice-prefeito Helder Correa classificou as gravações exibidas como “montagens estúpidas”.

Sobre o vídeo, Dr. Helder afirmou que o dinheiro entregue seria de honorários médicos, uma vez que ele seria o responsável por apresentar os pareceres cardiológicos para operações no Hospital Memorial Dr. Jaime Justiniano Santana.

“Grande e deslavada mentira, uma atriz da globo perderia para essa farsa que foi montada”, disse ele.

De acordo com o vice-prefeito, não fazia sentido Maria Niedja ter repassado valores incorretamente, quando poderia ter acionar a justiça, já que a verba era carimbada para o hospital.

“Todo dinheiro que chegava até a prefeitura, todo advogado sabe, tinha que ser passado para o hospital e assim fazíamos. Era um dinheiro carimbado e não tem nenhum objetivo ela dar dinheiro da unidade hospitalar. Ela tinha plenos poderes de ir à justiça e cobrar esses recursos”, fala.

O vice-prefeito afirmou ainda que Maria Niedja tentou extorquir o município, ao pedir R$ 12 milhões para fazer com que o hospital continuasse funcionando e para não contar à população, o que ele classifica de ‘grande inverdade’.

Dr. Helder relata também que o contrato não foi renovado por que o hospital estaria inapto em virtude de débitos fiscais.

“O debito foi adquirido com o não repasse das obrigações fiscais, que provocou falecia da sua unidade. Seu débito produziu a não realização do contrato com a prefeitura. Essa que é a verdade”, diz

Ele segue com várias outras denuncias, entre elas, colocando em dúvidas mortes que teriam acontecido dentro da unidade médica, citando um recém-nascido de uma mãe de Santa Maria do Cambucá.

Ele ainda coloca em xeque, o tempo das denúncias, apenas após o fim do contrato com a prefeitura.

“Gênio do mal, trambiqueira, maior vigarista, dissimulada, escrota, mentirosa”, diz prefeito Romero Leal contra acusadora

Se dizendo ‘muito tranquilo’, o prefeito Romero Leal negou todas as acusações e disparou novas denúncias contra a gestora do hospital, Dra. Maria Niedja.

“Você é um gênio do mal. A mulher que tiro o chapéu, como a maior vigarista que conheci, para tirar proveito das pessoas”, disse o prefeito. Em outro momento, a classifica de ‘trambiqueira’, ‘pior das pessoas’, entre outras coisas.

Romero sustenta que ela tentou, por várias vezes, apontar de que forma o município poderia ser lesado. Ainda acordo com o prefeito, o prédio não será mais dela, em breve. O município indiciará um processo de desapropriação para que dívidas com funcionários sejam pagas.

Além disso, o gestor municipal afirma ter provas em gravações em áudios e vídeos de várias situações contra ela.

“Se eu colocar as gravações sobre seu hospital e sua vida, Vertentes vai desmoronar. Até sobre as surras que seu filho dar em você”, declarou.

No fim, ele também coloca em dúvidas os procedimentos realizados no hospital, que podem ter levados pessoas a óbitos.

“Forjaram IH simulava lei, desligava oxigênio para pessoas morrerem, como se comenta por aí… Quantos pessoas seus bisturis furou? Quantas situações suas a gente tentou minimizar, como poder fiscalizador do município?”, diz e completa que o município tinha que ‘agir psicologicamente’ , para que as pessoas aceitasse as operações com ela.

“Só as pessoas pobre, se submetia ao seu bisturi”, disse.

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