PF diz não ter identificado participação de movimentos sociais em invasão de residencial em Santa Cruz do Capibaribe

Post de Jair Bolsonaro com vídeo em que narrador acusa movimento social de depredar casas populares em PE. — Foto: Reprodução/Twitter/@jairbolsonaro

A Polícia Federal afirmou não ter identificado a participação de movimentos sociais na invasão e depredação do conjunto habitacional Alto do Cruzeiro em Santa Cruz do Capibaribe, no mês de setembro. A afirmação contraria vídeo postado em rede social pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, na noite de domingo (17).

No material postado no Twitter, o narrador diz que as ações de vandalismo são do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST):

“Mais uma vez, o MTST, um dos braços do Movimento Sem Terra, mostra sua crueldade e selvageria, muito influenciado por partidos de esquerda, muito provavelmente influenciado por partidos de esquerda, invadiram um residencial que seria entregue à população até o final do ano. Depredaram, queimaram e danificaram o patrimônio do povo, que estava prestes a garantir a sua moradia”.

No entanto, as investigações da PF não identificaram a participação de nenhum dos grupos nas ações. Confira a nota na íntegra:

“A Polícia Federal informa que existe inquérito em andamento em Caruaru sobre as ocupações que ocorreram em Santa Cruz do Capibaribe, mas até o momento não foi identificada a participação de partidos políticos e/ou movimentos sociais em qualquer ocorrência sobre esse caso. As invasões foram feitas no dia 29 de agosto e nesse caso como em tantos outros são feitas de forma repentina. E quando isso aconteceu a PF e outros órgãos de segurança só podem agir depois de ordem da justiça de reintegração de posse”.

À reportagem do G1, a comunicação da Prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe também disse que não identificou nenhum membro de movimento social na invasão. Além disso, o residencial tem 500 casas e não 800, como mostra na publicação feita pelo presidente da República.

Em nota, o MTST negou participação na invasão do residencial e repudiou o vídeo. Além disso, o movimento afirmou que, “apesar de respeitar a história do MST e a sua importância do interior da sociedade civil organizada”, nunca foi braço do Movimento Sem Terra.

O Palácio do Planalto também foi procurado para comentar a postagem mas, até a última atualização deste texto, não respondeu à reportagem.

As informações são do G1 Caruaru.

Grupo invadiu casas em agosto

No dia 29 de agosto um grupo de pessoas invadiu casas construídas para famílias carentes em Santa Cruz do Capibaribe. Os imóveis foram construídos pela Caixa Econômica Federal.

No dia 21 de setembro, a Justiça Federal de Pernambuco determinou a reintegração de posse em favor da Caixa, a ser cumprida com a execução pela Polícia Federal e Polícia Militar.

Durante protesto dos invasores, seis pessoas foram detidas, após uma pedra atingir um policial militar. O grupo foi liberado no mesmo dia após prestarem esclarecimentos na delegacia.

Mesmo sendo filmados, invasores não ficaram inibidos e seguiram com o arrombamento a alguns imóveis (Reprodução / WhatsApp)

Dias após a reintegração de posse, um grupo de pessoas invadiu novamente o local, depredou e queimou algumas das casas populares. A última família deixou o residencial na segunda-feira (18), segundo informou a gestão municipal.

A empresa responsável pela obra, J3 Empreendimentos, ainda irá fazer o levantamento dos danos. A Caixa Econômica Federal também fará um relatório dos danos causados para depois dar um novo prazo de entrega do residencial.

Compartilhe agora essa notícia!

Facebook
WhatsApp
Twitter