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Duas perguntas, resposta forte e sonora vaia: experiência e aprendizado da primeira entrevista coletiva 10 anos depois – Ponderação, com Janielson Santos

Essa semana, o facebook me trouxe a lembrança de entrevista realizada em janeiro de 2016 (foto abaixo) com o então Ministro do Desenvolvimento, Industria e Comercio Exterior, Armando Monteiro Neto. Naquela ocasião, era lançado o Plano Nacional da Cultura Exportadora (PNCE) em Santa Cruz do Capibaribe, que pouca gente sabe que aconteceu e, menos ainda, percebeu qualquer efeito prático.

Hoje, no entanto, aproveito para relembrar outro episódio, ocorrido dois anos antes, na Câmara de Vereadores do município, em minha primeira entrevista coletiva como repórter.

Janeiro de 2014. Armando Monteiro Neto esteve em Santa Cruz do Capibaribe como pré-candidato ao governo do estado. O experiente político havia rompido, poucos meses antes, com o então governador Eduardo Campos.

Figura mais que conhecida na política local, Armando é recebido e festejado pelas principais lideranças do grupo de Oposição, em evento marcado, também, pela forte presença da militância, que já vivia eufórica expectativa para o pleito eleitoral daquele ano.

O primeiro a perguntar foi o falecido e saudoso Marcondes Moreno. Após a resposta de Armando, sou chamado pela organização. Subo à tribuna com dois questionamentos e logo percebo o quanto as perguntas foram recebidas com desagrado pelos presentes.

Perguntas que soaram, aos ouvidos da maioria dos aliados, como insolentes, abusadas e atrevidas. O questiono sobre a ausência dele no município, após o resultado adverso do seu grupo em 2012 e durante 2013 (se isso não lhe causaria temor, de parecer político que busca a região apenas em período eleitoral). Pergunto também sobre a suposta dificuldade de enfrentar um candidato posto por Eduardo Campos, de quem havia sido aliado até pouco tempo.

Ao mesmo tempo em que entendo, até hoje, que as indagações foram pertinentes e sem desrespeito mesmo com tom atrevido de quem iniciara na profissão e ainda buscava bagagem, compreendo também a forma mais ríspida com que foram rebatidas, inclusive, pelo ambiente, circunstância e período em que estávamos. Faz parte.

De uma oratória inquestionável, Armando Monteiro mescla o tom de fala em resposta contundente e com frases de efeito (muito embora de algumas insinuações que não havia sido perguntado), causando maior entusiasmo da militância, com sonoras vaias direcionadas ao jovem repórter…

Tenho ótimas lembranças daquele dia. Ouvindo a resposta atentamente e as vaias que ecoavam pelo prédio, me encontrava na primeira fila ao lado dos já falecidos, Marcondes Moreno (à direita) e Emanoel Glicério (à esquerda). Aprendendo com ambos desde aquele momento.

Foi ‘Mané’ aliás, grande incentivador e de maneira muito generosa, como era do seu feitio, quem disse ao final da coletiva: “melhor pergunta e melhor resposta”. O Diário da Sulanca, até sair do ar com o falecimento de Emanoel, guardava de maneira fixa, na parte superior direita do site, a frase clássica em que o político dizia ‘não precisar bater cartão de visita em Santa Cruz’, em um dos momentos de maior euforia dos simpatizantes.

Pouca gente sabe, também, mas foi Emanoel Glicério quem passou meu contato para o experiente jornalista César Rocha, à época assessor de Armando, que me ligou poucas horas depois, para pedir desculpas (e nem precisava) pela forma em que se deu o episódio.

Político habilidoso e inteligente, Armando Monteiro me concedeu outras entrevistas me atendendo sempre de maneira muito gentil e cordial, com repostas expressivas e incisivas como lhe é peculiar. Em todas as situações, lhe perguntei o que entendia ser necessário.

Vale frisar que Coletiva de Impressa na política de Santa Cruz do Capibaribe (incluo todas as alas partidárias), nunca prezou por uma organização séria, profissional e institucional, adotando muito mais um estilo festivo de comício, o que em muito intimida alguns profissionais da comunicação.

Muito diferente do que algumas pessoas podem imaginar, por todo o contexto e aprendizado que aquele janeiro de 2014 representa em minha jornada jornalística, guardo na memória com grande carinho, no entendimento de que o foco em minha função, precisa estar muito bem definido para evitar eventuais abalos, seja qual for a pretensa intimidação.

Em 2016, lançamento Plano Nacional da Cultura Exportadora (PNCE) em Santa Cruz do Capibaribe. Foto: Thonny Hill.

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