Este ano o Brasil irá realizar um Censo, para tentar apontar o tamanho real de sua população e assim, tentar suprir o máximo de suas demandas, após conhecer as carências e dados que possam apontar onde é necessário uma ação mais presente do poder público.
Infelizmente o Censo não atinge um dado importante, cujo controle e atenção básica também pode ser considerada uma política pública em vários setores, entre eles a saúde, estamos falando da população animal que perambula pelas ruas sem nenhum tipo de cuidado, sobrevivendo à própria sorte e contando com a ajuda de poucos que se sensibilizam com este problema.
É comum perceber em ruas de todos os bairros de Santa Cruz do Capibaribe, animais que sobrevivem, se reproduzem e andam assustados, temendo pela ação de algumas pessoas que além de não ajudá-los, ainda os agride.
Quando alguma pessoa apresenta comportamento diferente, ganha além da atenção dos bichos, o seu carinho e a confiança. Entre os poucos cuidadores voluntários, que dedica algumas horas do seu dia a cuidar de vários animais que um dia estiveram nas ruas, podemos destacar o alagoano José Ednaldo da Silva (46 anos), que há cerca de 20 anos decidiu mudar-se para Santa Cruz do Capibaribe e há aproximadamente 10 anos, dedica-se a cuidar de animais em situação de rua, inclusive abrigando vários deles em sua casa.
Atualmente, Naldo, como é popularmente conhecido, abriga 28 cães e segundo o mesmo, já perdeu a conta de quantos gatos o visitam e moram com o mesmo. Muitos destes animais chegam doentes ou desnutridos, e após terem contato com o cuidador e perceberem nele uma pessoa em quem podem confiar, não saem mais de lá.
Vendedor no Moda Center, Naldo conta que não há dia para que ele possa ser sensibilizado e resgatar algum animal.
“No dia 31 de dezembro de 2021 eu estava voltando para casa quando acabei encontrando uma cadelinha com 12 filhotes em um canal, estava chovendo e o local onde ela se abrigou certamente iria ser atingido pela água, ou algum dos cãezinhos cairia e seria levado pela correnteza, eu não tive dúvida, trouxe todos para um local seguro”, relatou.
Apesar das poucas condições, Naldo não nega ajuda a nenhum animal, e o seu trabalho é reconhecido por veterinários que sabem do seu esforço e atendem os cães e gatos levados por Naldo para serem vacinados, vermifugados, castrados e até submetidos a pequenas cirurgias.
Além do apoio de veterinários, alguns amigos, a quem ele chama de “anjos”, também contribuem com o seu esforço de abrigar os animais em situação de vulnerabilidade, doando rações, medicamento e até a bicicleta onde ele hoje usa para resgatar e cuidar dos animais, uma vez que a que ele usava anteriormente foi tomada em assalto.
“Sem ajuda destes ‘anjos’, talvez eu já tivesse desistido, são muitos animais em situação de dificuldade e sinceramente, a vontade é de abrigar a todos”, conta.
Recentemente duas rifas foram promovidas pelos apoiadores do trabalho de Naldo, para angariar fundos para que ele pudesse ter recursos e assim dar continuidade às suas ações, a primeira, realizada em novembro de 2021, obteve cerca de R$ 4 mil, já a segunda, realizada no final de janeiro, tinha como meta R$ 1.500 (mil e quinhentos reais).
Vários outros itens como canecas, camisetas e almofadas também foram confeccionados para que o valor obtido seja encaminhado para estes animais sigam tendo o cuidado e atenção de um voluntário que encontrou em Santa Cruz do Capibaribe o lugar para trabalhar e viver, e em quem vários animais de rua acabaram encontrando um amparo para que possam viver com dignidade.